Webinar Itu – Conexão Bioeconomia

A bioeconomia cada vez mais ocupa espaço nos planejamentos estratégicos, desde pequenas empresas a países. O webinar ITU – Conexão Bioeconomia abordou ações já em curso no contexto da bioeconomia, projetos em execução e futuros, assim como apresentou oportunidades de parcerias que permitirão a implantação de um primeiro cluster de bioeconomia no Estado de São Paulo, em Itu e na região metropolitana de Sorocaba.

A abertura foi realizada pela Maria Beatriz Martins Costa, Coordenadora do Green Rio, que ressaltou que a cidade de Itu visa liderar um cluster de bioeconomia na região e, posteriormente, disseminar sua experiência para o estado de São Paulo e para o Brasil. O trabalho que vem sendo feito na cidade é inovador e possui muitos desafios e oportunidades. O estabelecimento de parcerias nacionais e internacionais podem impulsionar a implantação do cluster de bioeconomia.

O prefeito de Itu, Guilherme Gazzola, mencionou que o projeto do pólo de bioeconomia iniciou há alguns anos quando a cidade se deparou com uma das maiores crises hídricas do país. Essa crise trouxe o alerta para a necessidade de proteção, do desenvolvimento sustentável e de se manipular os rejeitos de forma adequada. A cidade de Itu está entre os 10 primeiros colocados no Município Verde e Azul e vem trabalhando para ser um pólo de bioeconomia no país.

O painel visão empresarial e cenários para investimentos iniciou-se com o Secretário de Planejamento, Habitação e Gestão de Projetos de Itu, Plínio Bernardi Júnior que apresentou o potencial da região, as ações que vem sendo realizadas, os projetos em execução e os prêmios recebidos. Destacou-se que a cidade de Itu está no ranking das melhores cidades para fazer negócios e é considerada uma cidade inteligente (smart city) estando na 9ª posição em segurança e 10º posição em meio ambiente. Ressalta que Itu deseja protagonizar as iniciativas da bioeconomia no setor público e acredita ser de suma importância o diálogo e o compartilhamento de experiências para que o projeto tenha sucesso. Além de ser um pólo em bioeconomia, Itu deseja ser um laboratório de experiências para que as iniciativas pública e privada estejam trabalhando juntas.

Em seguida, a Presidente das Indústrias Guarany, Alida Bellandi fez uma breve apresentação sobre os cônsules presentes no evento (Itália, Israel e México), agradecendo a presença de cada um e suas participações que enriqueceriam o painel a seguir. Alida, presidente do Conselho da BRAMEX, Câmara Empresarial Brasil México, lembrou que México tem o programa “Pueblos Mágicos”, que se teria sinergia com a proposta que Itu deseja desenvolver. Alida destacou que a bioeconomia movimenta cerca de 2 trilhões de euros no mercado mundial e o momento é muito oportuno para que esse tema seja tratado no município de Itu. Além disso, a cidade acaba de receber o selo de Safe Travels e possui inúmeros prêmios que já foram citados e reúne todos os requisitos, no entendimento dos empresários, cidadãos e prefeitura, para promover um cluster de bioeconomia. Entre outras iniciativas sustentáveis promovidas em Itu, a Guarany atua ativamente no Programa Salvando Nascentes, que visa recuperar mananciais no município.

Já Torquato Jardim, Vice-presidente Executivo da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade InvestSP, declarou que a InvestSP busca oportunidades para apoiar investidores privados e a avaliação dos projetos é feita não só de forma técnica e tecnológica, econômica e financeira, mas sempre com o foco da necessidade de adaptação para atender os requisitos ambientais. A ideia na análise é antecipar o que o órgão ambiental poderá exigir e realizar os ajustes para que o sucesso do empreendimento possa ser alcançado. A InvestSP está em expansão de sua atuação fora das fronteiras brasileiras. Possui escritórios em Shanghai e Dubai. Em junho de 21 abre um escritório em Munique e até o fim do ano um escritório em Nova Iorque. Os escritórios da Invest estão abertos para quaisquer empresários fornecendo assistência múltipla e possibilidades de conexões sem necessariamente ter seu empreendimento no estado de SP.

O segundo painel foi sobre a visão internacional da bioeconomia e impactos nos municípios iniciou-se com o Cônsul Geral do México em São Paulo, Raúl Bolaños Cacho Guzmán mencionando que México e Brasil são países megadiversos e com capacidades científicas e tecnológicas para desenvolver a bioeconomia. A bioeconomia representa uma alternativa para potencializar politicas de desenvolvimento agrícolas e rurais com enfoque na sustentabilidade que contribui a especialização inteligente do território e inovação que o México necessita frente aos desafios de produtividade, mudanças climáticas e redução de pobreza e os projetos de ambos os países possuem sinergia para que a implantação de tecnologia sustentáveis possa permitir agregar valor aos produtos agropecuários e o desenvolvimento de áreas rurais.

Filippo La Rosa, Cônsul Geral da Itália em São Paulo, comentou sobre a experiência italiana na organização de clusters e a participação do setor público (regulamentador) e privado (executor) e que possuem centenas de empresas que possuem um selo de qualidade (Biocorp) que atestam as questões de transparência, responsabilidade social e ambiental. Ressalta que a bioeconomia está geralmente relacionada a indústria de alimentos e esta é uma visão restrita. As empresas Biocorp são na sua maioria do setor alimentar, seguida das industrias mecânicas. No Brasil, as empresas lilly café e a quisce farmacêutica que possuem o selo Biocorp atuam seguindo as mesmas diretrizes italianas. Segundo Filippo, a formação de cluster é importante para o desenvolvimento de conhecimento (oferta e demanda) e pode ser de qualquer setor.

O Cônsul para Assuntos Econômicos do Israel Trade & Investment em São Paulo, Itzhak Reich, mencionou que o Brasil é um país estratégico e prioritário para Israel e tem trabalhado com empresas brasileiras, como por exemplo, as Indústrias Guarany e a CIS – Companhia Ituana de Saneamento. As parcerias estabelecidas buscam mapear os desafios e os problemas para buscar soluções para que as empresas possam se tornar mais eficientes e sustentáveis, incluindo trazer a melhor tecnologia para questão a ser solucionada e que o país está aberto para novas parcerias.

No painel Bioeconomia, Pesquisa e Desenvolvimento, Bruno Nunes, Coordenador-Geral de Bioeconomia do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações fez uma apresentação sobre os projetos e ações realizadas e em andamento do MCTI na área de bioeconomia que auxiliam o desenvolvimento regional sustentável. Ressalta que o MCTI enxerga muita sinergia entre as ações e projetos realizados em México, Itália e Israel e que potenciais parcerias vão agregar valor a esse processo.

O painel seguinte Bioeconomia, Sociobiodiversidade e Desenvolvimento Regional, Marco Aurélio Pavarino, Coordenador-Geral de Extrativismo – Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo / MAPA, apresenta o panorama da agricultura familiar no Brasil e menciona que é importante considerar as realidades, especificidades e potencialidades brasileiras, assim como deve se considerar o conhecimento tradicional e o uso sustentável da biodiversidade além dos avanços tecnológicos (processo químicos, industriais e engenharia genética). Em sinergia com o comentário da Alida, o MAPA acredita que a bioeconomia é a oportunidade de reafirmar a sustentabilidade na concepção das ações de desenvolvimento. A socieobiodiversidade brasileira é o elemento central para conexão entre o desenvolvimento regional e a bioeconomia e tem enorme potencial em todos os nossos biomas. Em relação a parcerias, menciona a cooperação com a Alemanha e o desejo de ampliar essa atuação com o México, Itália, Israel e com todos os países que tem esse potencial.

O tema Bioeconomia e Parcerias Internacionais foi abordado por Alexandre Martins Moreira, Scientific Advisor and Coordination of Bioeconomy Projects Fraunhofer Project Center for Innovation in Food and Bioresources at ITA que apresentou o Instituto Fraunhofer e suas linhas de pesquisa e atuação e deu destaque a parceria com o Brasil e o estabelecimento, desde 2010, do Centro de Projetos Fraunhofer para Inovação em Alimentos e Recursos Renováveis no ITAL que trabalha em parceria com a secretária de agricultura do Estado de São Paulo e é um exemplo de sucesso. Destacou a esse Centro abrigou uma das primeiras plantas de pesquisa de bioetanol do Brasil antes do pró álcool quando ainda se trabalhava com a mandioca doce. Além disso, ainda mencionou que é o responsável por fazer as conexões e estruturar os projetos multidisciplinares entre os parceiros brasileiros e alemães, seja com as universidades, empresas e agências de fomento em busca das contrapartidas necessárias.

Vagner Martins, Vice-Diretor do Instituto de Economia Agrícola / Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo apresentou o Projeto Itu/Rotas Rurais que tem como objetivo localizar a entrada das propriedades rurais e rotear os 60 mil km para que qualquer sistema logístico consiga chegar a essas propriedades com facilidade utilizando a rota de mais fácil acesso e, desta forma, facilitar as entregas, coletas entre outros. Desta forma, o projeto busca fornecer conhecimento e agregar mais valor para que a bioeconomia chegue com mais facilidade aos produtores e atores do agronegócio com o objetivo de auxiliar a produção a ser mais eficiente e mais sustentável. Vagner comentou que Itu foi selecionado para o projeto piloto por ser aberto a inovações e pesquisas e possuir todos os requisitos necessários para que houvesse a validação do projeto.

Ao final do webinar, Maria Beatriz agradeceu a valiosa contribuição dos palestrantes e a audiência que prestigiou o encontro, convidando todos para conferirem os próximos passos desta iniciativa de Itu no Green Rio, que acontecerá de 27 a 29 de novembro de 2021, na Marina da Glória, Rio de Janeiro.

www.greenrio.com.br

 

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